segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Augusto e EU


Perdi tantos medos.
No entanto, hoje tenho mais paciência.
Entre tantas caixas, desejos, sublimações...
Um livro inacabado.
Haverá tempo?
O que o tempo te disse?





Um incenso, uma dose de vinho
Meus escritos, meu choro, meu ser
Luminária, fotografias...
Tentativa de acompanhar
Um mundo que não me acompanha.
Eles são mesmo assim?
Eu tento não ser.
Invariavelmente, não sei sentir.
Nem mentir...
Pra você.


E a plenitude?
Nem sei, vamos ver.
Deixe a valsa soar.
Nesse baile de máscaras
Eu nunca soube dançar.


Se não notou, atenta:
Na poética de viver
Sem medo... Confesso
Sempre fui mais Augusto
Dos Anjos...



Julie Oliveira*

*Mantenha a autoria desse poema
*Todos os Direitos Reservados






quarta-feira, 25 de novembro de 2015

MULHER DE LUTA E HISTÓRIA – UMA SINGELA HOMENAGEM


Lutas por equidade
Feminismo, reflexão
Conquistas e desafios
Fazem parte do refrão
Que cantamos ao dizer:
- Sou mulher, tenho razão!

E o que é ter razão?
É ser dona da verdade?
Calma, amigos, explico,
Com toda sinceridade:
Ter razão é ter ação
Na luta por igualdade.

Conhecer quem já lutou,
Quem luta e não se abala
Entender que o respeito
Está para além da fala
Ser ciente da missão
Ser mulher que não se cala.
  
Razão é inteligência
Percepção e fazer
Reflexão sobre nós
E podermos entender
Que muito foi conquistado
Mas há muito por vencer.

Nossa luta é secular
A história registrou
Violência e opressão
Sempre a mulher enfrentou.
Superando desafios
Contra o machismo lutou.

No protesto “Pão e Paz”
Exigiram dignidade
Com coragem e ousadia
Clamaram por liberdade
Salário justo e por leis
Com direitos de verdade.

E mais de noventa mil
Pessoas, foram clamar
Motivadas por mulheres
Que decidiram lutar
Assim as russas mostraram
Que não devemos calar!

E essa luta não parou
Se espalhou e cresceu
E pelo mundo a voz
Da mulher fortaleceu
Vitoriosas e fortes
Em prol do direito seu.

Porém, apesar das leis
E do que foi conquistado
Ainda é muito forte
A voz do patriarcado
Preconceito e violência
Ainda nos têm atacado.

Por isso, é necessário:
Reflexão, resistência
União, sabedoria
Para propor consciência
Para que toda a mulher
Seja livre da violência.

Seja livre do julgo
Do assédio, maldizer
Que o tamanho da saia
Seja o que ela quiser
E haja somente amor
Para ofertar a mulher.

Sejam russas, ou sírias
Anita, Frida, Rachel¹
Brasileiras, africanas
Que cumpriram seu papel
Minha homenagem singela
Nesses versos de cordel!


Julie Oliveira*





¹ Anita Garibaldi / Frida Kahlo / Rachel de Queiroz
 * Poema escrito em homenagem ao Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher - Recitado no Evento de Mulheres Cordelistas da Rede Mnemosine.

*Mantenha a autoria desse poema
*Todos os Direitos Reservados



terça-feira, 18 de agosto de 2015

A CAIXA DE PANDORA E A ORIGEM DO MAL





As musas que inspiraram
Os vates gregos de outrora
Peço luz e inspiração 
Pois quero escrever agora
Sobre a origem do mal
E a caixa de Pandora.

Conforme a mitologia
No Olimpo era guardado
O dito fogo dos deuses
Que era um fogo sagrado
E por ser tão valioso
Esse fogo foi roubado .

Quem possuísse esse fogo
Seria conhecedor
Dos mais profundos mistérios 
E seria entendedor
Assim de todas as coisas
Sem sentir nenhum temor.

Foi sabendo disso que
Um titã logo roubou
Esse tal fogo, e depois
Aos homens ele ofertou
E Zeus muito furioso 
Ao rebelde castigou.

O titã no qual falei
Se chamava Prometeu
E pela sua ousadia
Um castigo recebeu
Sendo preso a um rochedo
Toda sua vida viveu.

Um abutre Zeus mandou 
Pra seu fígado comer
Toda manhã essa ave
Voltava a aparecer
Seu fígado se renovava
E haja o titã a sofrer!

Zeus com todo o seu poder
Resolve enfim castigar
Aos homens que Prometeu
O fogo foi ofertar
E sua fúria então
Todos iriam provar.

Decidiu mandar à Terra
Uma caixa especial
Toda enfeitada de forma
Que não existia igual
Mas inda faltava algo
Pro seu plano genial.

Zeus mandou criar Pandora
Uma mulher muito bela
Depois olhando-a falou:
" - Minha graciosa Donzela,
Essa caixa é pra você
E cuide muito bem dela!"

Continuando falou:
" - Você terá que levar
Essa caixa para a Terra
Sua chave eu vou lhe dar
Mas só poderá abri-la
No dia em que se casar".

Assim Pandora e a caixa 
À Terra Zeus enviou
E passado pouco tempo
Pandora se apaixonou
Por Epimeteu com quem
Em seguida se casou.

Vivia a moça feliz
E também o seu marido
Cuidando da sua casa,
Do belo jardim florido
Ela com tanta alegria
A caixa havia esquecido.

Mas depois de algum tempo
O marido se ausentou.
Deixando a esposa só
Epimeteu viajou...
Com a ausência do marido
Pandora triste ficou.

Tristonha e muito sozinha 
Pandora estava mal
Foi quando ela se lembrou
Da caixa especial
Curiosa quis saber
Seu conteúdo afinal .

Mas antes observou
Os enfeites que trazia
Naquele instante porém
A caixa se remexia
"- Socorro, quero sair!"
De dentro uma voz dizia.

Com um grande desespero
E com a chave na mão
Pandora abriu a tal caixa
E ficou sem reação
Porque viu dela sair:
Ódio, horror, destruição....

Guerras e corrupção 
Pandora ali viu brotar
Diante de tanto horror
Ela se pôs a chorar
Depois, por fim, conseguiu
Aquela caixa fechar.

Mas a ESPERANÇA ali
Presa na caixa ficou
Depois de muito pedir
Pandora a libertou
A ESPERANÇA então 
Mansamente lhe explicou:

- Não tenha medo de mim
Quero somente ajudar,
Não tenho a solução 
Mas quero ao mundo mostrar
Que após a noite vem
Um belo dia raiar!

O meu nome é ESPERANÇA 
Sou alívio ao coração 
Os males agora existem
Alguns não tem solução 
Por isso é essencial
Paciência e união.

- Zeus dessa forma vingou-se
De toda a humanidade
E mostrou que não se brinca
Com a sua divindade
Mas eu sou a ESPERANÇA
Em meio a tanta maldade!

Prometeu foi castigado
Teve um destino infeliz
E mesmo com tantos males
E os sentimentos vis
Vim ao mundo pra dizer
Que é possível ser feliz!

Nesse mundo mau, injusto,
Tudo nos parece atroz
Mas, a ESPERANÇA mora
Sempre em cada um de nós
Basta fazermos silêncio 
E ouvirmos a sua voz! 


Julie Oliveira*


* Escrito em 2007
*Mantenha a autoria desse poema
*Todos os Direitos Reservados



sexta-feira, 3 de julho de 2015

SOBRE O CHARME QUE NUNCA TIVE


Talvez devesse ser intitulado “Sobre o charme que nunca soube fazer”, mas como não sou boa em nomear, intitular qualquer coisa, esse deve servir. Há dias esse texto me persegue, me incomoda num pedido quase que desesperado para nascer... Até achei que nasceria em forma de poesia, a poesia deixa as coisas mais “levinhas” algumas vezes e nos esconde por meio do ‘eu lírico’... Mas, foi assim que ele quis nascer, desse jeito mais escancarado mesmo. E ao som de ‘Doublé de Corpo’ na voz de Leoni, com um céu carregado de nuvens, um ventinho frio e um coração sempre inquieto ei-lo aqui.
Quem lembra das paqueras de adolescência? Daquelas meninas consideradas “mais bonitas” da escola que se valiam disso para usar e abusar dos pobres garotos apaixonados e/ou atraídos por elas... ? Bom, eu não era uma das garotas, meu perfil era outro (ok gente sem drama tá? rsrs). No entanto, é a partir dessas garotas que me vem várias reflexões sobre aquele papo de “o ser humano quer o que não pode ter”... (Esse seria um bom título também, né? Rsrs...). É uma reflexão muito densa, e apesar da tentativa talvez eu não consiga descrever bem minhas opiniões a respeito, mas é uma daquelas coisas que a gente nunca entende muito bem, sabe?! E mesmo quando passa a fase da adolescência, o que se nota é que algumas pessoas continuam fazendo ‘charminho’ para manipular o outro de algum modo. Às vezes essa forma de fazer charme muda, porém a intenção continua sendo a mesma. E eu francamente nunca consegui entender muito bem o sentido desses joguinhos idiotas.

                                                             Foto arquivo pessoal

Certa vez uma amiga me disse “- Não atende o telefone, deixe ele sentir sua falta. Pessoas gostam do que não têm”. Acredito que não seja uma frase incomum, mas sempre me inquietou muito essa necessidade de esconder o que se sente, de se mostrar mascarado escondendo o que verdadeiramente somos, mesmo que isso não seja o ideal de alguém.
E nessa mania boba (talvez) de refletir sobre essas coisas e de a todo custo tentar fugir desse desdém imbecil humano, me tornei um pouco o que sou hoje: alguém que necessita ser e conviver com o outro numa perspectiva de humanidade. De defeitos e qualidades. Preciso sentir-me gente, e sentir-me amada mesmo assim sendo.
Não nego que já sucumbi a joguinhos sim em algum momento da minha vida, mas a sensação posterior foi tão repugnante que me senti a pior das atrizes no palco da vida. Nessa hora, pude comprovar que não vale a pena viver sem ser o que se é. E ser quem você é, não é ter ‘síndrome de Gabriela’, é entender que mudar é preciso, mas isso tem que ser uma decisão sua e somente sua.
Sigo tentando a compreensão e o amor dos que cercam mesmo sem saber fazer charminho, sem saber fingir que não quero. Sigo atendendo os telefonemas que desejo, ou não atendendo os que não. Sigo chorando e tocando em feridas nos momentos mais inapropriados. Sigo demonstrando efusivamente meu amor, e não me preocupo se deixo o ‘outro’ muito seguro com isso. Sigo acreditando que se não puder amar intensa e plenamente não valerá a pena essa existência.

E aos covardes e amantes dos charminhos, meu lamento. Porque vocês realmente não podem me entender.

Julie Oliveira

* Mantenha a autoria desse texto
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terça-feira, 23 de junho de 2015

INSONE

Confesso que penso
Que não me pertenço
E nem a ninguém
Que não há vintém
Que possa (a)pagar
A dor que existe
Ela que insiste
Em me machucar.






Confesso que travo

Às vezes, paraliso
E sim, te preciso.
Mesmo que saiba
Que todo esse amor
Nesse peito não caiba.
Só quero  dizer
Que a felicidade
Não pode viver
Nos livros, teoremas...
E nem noutro ser.
Mas uma ilusão
Em dias tão duros
Me salva de apuros
Me faz respirar.


Confesso que dói

Que aqui me corrói
O peso de ser
O peso de ver
Que tão pouco eu sou
Que o tempo passou
E só agora te achei.


Confesso que é pouca

Que é feia e rouca
A voz que aqui há.
E em vezes tão louca
Em gemidos sem roupa
Eu teimo em te amar...


Confesso que choro

Ao ler ou ouvir
O ego me mata
Diz que não é pra mim.
Em vão orgulhosa
Não estico a prosa
Silencio então.


Confesso que tenho

Um velho porão
E semanalmente
Eu faço exorsão
Também me embriago
Na vã ilusão
E assim se mantém
Esse meu coração.


Julie Oliveira

*Mantenha a autoria desse poema
*Todos os Direitos Reservados



sexta-feira, 19 de junho de 2015

ORAÇÃO DA GRATIDÃO

Deus,
Livrai-me do tédio
De um amor médio...

Deus,
Conceda-me a emoção.
Um amor que se acomode
Em meu pobre coração.

Deus,
Permita-me conhecê-lo,
Dai-me olhos para vê-lo.

Deus,
Que não fique na canção
No verso da minha mão
Ou seja só desventura.

Julie Oliveira

*Mantenha a autoria desse poema
*Todos os direitos reservados

SUBLIMANDO DIAS

Sublimar é enaltecer, exaltar... Mas, é também transcender, defender-se com algum mecanismo.
E quem de nós não o (s) faz? Eu? bastante!
Derramo, vomito, suplico, convoco e transcrevo sobre o papel dores, alegrias e sensações várias.
Sempre foi natural como respirar, porém em momentos já me perguntei porquê, e uma das respostas (se houver) talvez seja esta: para sublimar os dias e os muitos sentimentos que transbordam de mim.






Hoje, para além de sublimar, partilho e ainda que com um pouco de receio, exponho retalhos poéticos muito íntimos desses e dos dias idos.
Não prometo um diário, mas um emocionário conforme já batizei alguns antigos cadernos.
Saibam que ainda não sublimei meu medo do diário, da rotina massacradora e engolidora das boas coisas. No entanto, tenho descobrido as rotinas necessárias e experimentado todo o lado bom dela.

O lado ruim?

Estou sublimando!



Julie Oliveira

*Mantenha a autoria desse texto
* Todos os Direitos Reservados